Através de encontros semanais, o paciente estabelecerá uma relação de confiança com o Psicólogo, permitindo apresentar questões de sua vida para que possa encontrar caminhos para mudança. Determinadas crenças ou padrões de sentimentos e atitudes podem tornar-se uma jaula que aprisiona e faz pensar que não há outra possibilidade de viver. Mas existem inúmeras formas alternativas e a terapia ilumina os diversos caminhos para que o paciente faça suas escolhas.

Não há terror que se compare ao de ser conhecido, e ninguém melhor para te conhecer do que seu companheiro ou companheira. Muitas vezes uma história relacional que começa com amor e encantamento se transforma em uma sequência de desencontros e sofrimentos, acumulando mágoas e intolerâncias. Comportamentos ou traços de personalidade que no início eram tidos como bonitinhos podem se transformar em defeitos gravíssimos. Os casais deixam de se enxergar e de se relacionar com empatia, passando a atuar com dinâmicas de perseguição ou vitimização. A intransigência toma proporções que impedem uma comunicação eficaz, fazendo com que toda conversa se torne oportunidade para troca de ofensas, resultando em um casal a soma de dois indivíduos solitários e incompreendidos.

A terapia de casal é uma excelente oportunidade para que confrontos afetivos ocorram e processos de comunicação e de negociação sejam reeducados, para que o resgate do amor e do bem viver voltem a ocorrer na relação dos casais, que poderão redescobrir as oportunidades de conviverem com prazer e alegria.

O objetivo da terapia familiar é a mudança na interação do sistema familiar e não em mudanças individuais. Estas ocorrerão como consequência das mudanças do sistema. A família é o primeiro núcleo social de um ser humano e nele vivenciam o apoio e a decepção, o amor e o ódio, o comprometimento afetivo e a competição, estímulos para crescer e deteriorações de sua auto estima. Nestas e em outras dinâmicas, cada membro da família se torna uma peça flexível de um quebra-cabeça que vai se configurando através de acordos tácitos e nítidas tensões.

Muitas vezes os pais vão passando conceitos aos seus filhos aprendidos pelos seus ascendentes sem se atualizar em relação ao contexto contemporâneo em que vivem. Pais que viveram no interior ou em núcleos pobres podem vir morar na cidade e melhorar consideravelmente sua vida financeira, mas desejam praticar com seus filhos os conceitos interioranos e inerentes a uma vida cheia de dificuldades financeiras, gerando muitos conflitos com seus descendentes que não compreendem a postura dos pais que é plenamente coerente para eles, mas que está descontextualizada para seus filhos. Em outros núcleos as figura parentais utilizam seus filhos para realizarem aquilo que não conseguiram, ou filhos assumem patologias do sistema familiar por amor e sacrifício a fim de que o sistema tenha a sensação de equilíbrio e saúde (esses filhos são chamados à luz da teoria sistêmica de “bodes expiatórios”). É comum crianças ou jovens que vivenciam este caso irem para terapia individual e, quando começam a melhorar, são retiradas pelos pais por estar provocando um “desequilíbrio” no sistema.

A terapia familiar ajuda o grupo a reaprender a se comunicar com afeto e empatia, em uma dinâmica em que todos são respeitados independentemente de serem pais, filhos ou irmãos. Tomam consciência de sua história (como os pais se conheceram, pelo que passaram, como foi a fase em que cada filho nasceu, etc), amplificam sua percepção sobre as crenças que regem as relações, tal como cada papel assumido pelos integrantes nas relações cotidianas.

O adolescente é uma pessoa que conjuga características infantis e adultas. Para algumas obrigações ele já é adulto o suficiente, porém para outras liberdades ele ainda é “uma criança”. As suas conquistas individuais são efetuadas à custa de muita tensão e rusgas nas relações com seus pais que tentam moldar seus filhos de acordo com regras vividas por eles enquanto filhos. Os adolescentes tendem a formar grupos solidários em prol de, juntos, efetuarem conquistas libertárias, a partir de suas referências de normas sociais aprendidas no contexto social contemporâneo demarcado por: uma cultura de consumo exacerbada, compressão do tempo/espaço, fluxo nômade constante, fugacidade nas relações afetivas e eróticas, prioridade nas conquistas hedonistas presentes ao invés de contenção de prazeres para efetuação de deveres focados em projetos futuros.

O processo terapêutico com o adolescente consiste em uma aproximação de seu contexto de vida com seus prazeres, medos e conturbações, através de um diálogo permeado por termos em sintonia com sua fase de vida, para que, a partir disso, mudanças de comportamento ocorram. É um trabalho que envolve seus familiares que são convidados a sessões individuais (para que suas angústias sejam ouvidas e para efetuar determinados esclarecimentos sobre essa fase da vida), e junto com o adolescente para que possam aprender a estabelecer uma comunicação em que ambos aprendam a negociar as tensões e a pedir atenção para suas demandas.